ESTE É UM BLOG PARALELO DE MIGUELARCANJOTERRA.BLOGSPOT.COM (A UNICA DIFERENÇA É QUE ESTE BLOG TEM MAIS ESTRELAS.)
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
2.010. O ANO DE TAPICHI. NÚMERO 43
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
FAÇA DE CONTA QUE É NATAL. ANO 1. NÚMERO 41
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
SEMANA DO PUM. DE 9 A 16 DE DEZEMBRO. ANO 1. NÚMERO 40
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
AS TRÊS PRAGAS DE UMA CIDADE. DE 1 A 8 DE DEZEMBRO. ANO 1. NÚMERO 39
Tapichi, o eterno mendigo de São Miguel Arcanjo (às vezes, ele aparece), voou ao lado do índio Don Juan, bruxo e mestre de Carlos Castañeda nas suas peregrinações pelo deserto de Sonora, no México.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
SEMANA DA CORAGEM. DE 24 A 31 DE NOVEMBRO. ANO 1. NÚMERO 38
Dete
Fátima
Dora
Penha
Carmo
Abilinha
Essas seis se tornaram uma, igual à doce mãe multiplicada.
Doce mãe porque era mesmo um doce.
Pão doce, doce de abóbora, doce de cidra, chá de erva doce, a mãe Terezinha foi adoçando a alma das meninas e se alguma azeda de vez em quando é um azedinho doce.
Na casa dessas seis mulheres, a mãe Terezinha continua viva no inesquecível cheirinho de tempero de feijão, que sobe aos céus de São Miguel quando são 10 horas e o relógio da Igreja bate.
(Felicidade de um homem é feijão bem temperado à mesa e mulher destemperada na cama. Se mãe Terezinha ouvisse uma coisa dessas, mandaria as seis filhas já pra dentro)
Nunca houve destempero entre essas seis mulheres, porque a lição de mãe era a de espantar Coisa Ruim com a oração de São Miguel e prender as saias entre os joelhos quando soprasse o Vento do Mal, também chamado de Vento do Mar.
Na Casa das Sete Mulheres (porque mãe Terezinha continua entre elas) ninguém serve o pão que o diabo amassou aos que chegam cansados da vida. Muito menos água com açucar.
O pão é de Deus multiplicado e o café é mais forte que qualquer desconsolo.
Na Casa das Sete Mulheres, o medo da vida não entra. Nem o medo da morte. E a coragem não é de ranger os dentes, mas de sorrir.
Sorrindo da vida, sorrindo da morte, elas seguem o doce destino de fazer pão e fazer o bem sem olhar pra quem.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
SEMANA DO TERÇO. DE 10 A 17 DE NOVEMBRO. ANO 1. NÚMERO 37
terça-feira, 3 de novembro de 2009
SOL DE SÃO MIGUEL. DE 2 A 9 DE NOVEMBRO. ANO 1. NÚMERO 36
Mas, o Sol de São Miguel é o mesmo Sol de quem está longe, retrucou certa vez nossa dona Sebastiana, professora e nossa dona no Grupo Escolar. É um Sol só, não existem dois, disse ela.
Será?
Acho que nossa dona Sebastiana errou a conta e digo com a plena certeza de quem vê as coisas com saudades daquele outro Sol que passa em São Miguel.
É um Sol diferente, de manhã ou à tarde. E por ser diferente é que galo nenhum fica indiferente e levanta a crista e canta.
Em outros lugares, de outro Sol, os galos vivem quietos e bocós, de crista caida, porque ciscam sombras tristes que os corações deixam pelos caminhos.
O Sol de São Miguel é para se abrir a janela depressa de manhã e avisar todas as Marias:
Pergunte a um homem de ciência --- e que seja dos bons --- por que o Sol de São Miguel brilha mais numa gota de orvalho que outro Sol. Ele não vai saber responder. Mas, o Tio Miguér, o poeta da Terra, tem a resposta. É só pedir um verso, que ele conta.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
SEMANA DA HUMILDADE. DE 25 A 1 DE NOVEMBRO. ANO 1. NÚMERO 35
1. Hoje que o mundo é feito de medo, feliz daquele que conheceu três homens sem medo nenhum.
Milton era um deles.
Milton Sewaybricker.
Ele, José Monteiro Terra (Trincheira) e Tonico Ortiz formavam um trio que exercia em São Miguel Arcanjo o pleno direito de ser dono de si.
Ai de quem levantasse um dedo mandão ou autoritário.
Ai de quem pisasse em pé de pobre.
Ai de quem se erguesse contra o sagrado direito de ir e vir.
E ai de quem imaginasse que aquele corpo magro do Milton significava fraqueza. Seria surpreendido pela extraordinária força de um dos mais competentes mecânicos de São Miguel Arcanjo e um dos mais generosos: nele se penduravam os donos de caminhão com problemas na vida e na biela.
2. Ah, um amigo como o Milton, onde encontrar nestes tempos? Amigo sem medo da vida: para o que der e vier. E sem medo da morte: seja o que Deus quiser. Milton, um dos meus heróis. E que se casou com minha heroina: Maria.
Milton, um homem sem medo, portanto, um homem.
TAPICHI LIDANDO COM A ANGÚSTIA
--- Só existe uma saída: a humildade.
--- Apenas humildade, Tapichi?
--- Você acha pouco??? A humildade é a mais rara virtude humana. Nas sombras da humildade sempre existe o orgulho de ser humilde. Até entre os santos existiram os que orgulhosamente se achavam mais humildes que os outros.
--- São Francisco de Assis?
--- Ah, não, eu não vou fazer fofoca.
--- Mas, de que humildade você fala, Tapichi?
--- Eu falo da humildade da humilhação!
--- Dá para explicar melhor?
---Não confunda humildade com roupa velha, sapatos furados, cara de bocó e uma boca aberta que baba amém para tudo.
--- Ai, ai, que esta conversa vai longe.
--- Você tem paciência para ficar ouvindo sem babar?
--- Claro que tenho, Tapichi. Paciência é o que não me falta: ouví muito sermão de padre quando era criança.
--- Bem, já que você está entre aqueles que não mais carregam sacos pela vida (apenas coçam), vou em frente.
--- Fique à vontade, Tapichi.
--- É o seguinte: você sabe como é que as pessoas enchem o próprio saco e ficam de saco cheio?
--- Não, Tapichi.
--- Elas vivem catando pensamentos bobos por aí.
--- O que é um pensamento bobo?
--- O pensamento sobre o que os outros pensam da gente. O pensamento de que um dia a casa pode cair. O pensamento de que a galinha do vizinho é mais gostosa ou o pinto do vizinho é mais gordo. O pensamento de que alguém viu o que foi feito escondido. O pensamento de que a Terra gira apenas em torno da gente e que o Sol só bate no nosso quintal.
--- Meu Deus, Tapichi, eu vivo pensando essas coisas.
--- É assim que a gente toca a vida girando no mesmo lugar, igual vira-lata com coceira no rabo.
--- Mas fazer o que, Tapichi?
--- É preciso sair desse círculo vicioso.
--- O que você entende por círculo vicioso, Tapichi?
--- Círculo vicioso é um ânus que sempre se senta no mesmo lugar.
--- Ai, ai, ai...
--- Desculpe a grosseria, mas não achei comparação melhor. Só fica no mesmo lugar quem tem medo de avançar. Afinal, ninguém sabe o que vem pela frente. É mais seguro ficar no lugar e disfarçar, com humildade fingida, o orgulho de ser dono do próprio mundo. Mas, um dia --- sempre haverá um dia --- em que a falsa humildade e o orgulho disfarçado vão ser humilhados escandalosamente pelo que nunca esteve escrito e nunca estará.
--- Todo mundo se acha dono do mundo, Tapichi.
--- Eu sei. Todo mundo é bocó. Bocó da vida é aquele que se mete a dono do mundo e se separa de si para mandar em si mesmo e se separa dos outros com medo de perder o poder de si mesmo e se separa de Deus porque se julga o próprio deus do seu destino.
--- Ai, ai, ai...
--- O homem não passa de um asno pretensioso, mas as pernas bambeiam e ele cai de quatro quando lá do alto e bem de longe vem o sinal de sua insignificância e impotência em querer ficar fora do mundo para manejar o mundo.
--- O homem está num beco sem saída, Tapichi?
--- Ou ele aceita e reconhece sua igualdade com tudo --- com o que está acima e o que está abaixo ---ou vira um pobre diabo que chega à velhice brigando com mosquito, não importa se rei ou mendigo.
--- Diga mais, Tapichi.
--- Ai de quem se julga no lado de cá o primeiro e único diante do Universo no lado de lá. Para quem vive nessa pretensão e separação, buscar Deus ou a riqueza é a mesma ambição de querer ser melhor que os outros. Por que se outro chegar na sua frente diante de Deus, ele vai sentir inveja. E se a busca for por dinheiro, ele ainda vai brigar com Deus: Por que ele e não eu?
--- O que fazer, Tapichi?
--- Nessa pretensão egoísta de cada um de nós de ir para o alto, a salvação, por incrível que pareça, é a queda. E que seja a queda mais humilhante, de invejar pedaço de pão velho na boca de vira-lata. Nessa extrema humilhação, o homem sente que nada neste mundo é mais, nem menos, e o esterco do fundo do quintal tem diante de Deus a mesma importância da estrela mais brilhante. Então, nesse abismo da humilhação o homem vai sentir que ele está em Deus e Deus está nele, como donos do mundo.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
SEMANA DO JORNAL NACIONAL. DE 15 A 22 DE OUTUBRO. ANO 1. NÚMERO 34
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
SEMANA DO MEU SUPER-HERÓI. 29 DE SETEMBRO. ANO 1. NÚMERO 33
domingo, 6 de setembro de 2009
CEM ANOS DE SOLIDÃO. ANO 1. NÚMERO 32
No fim de uma rua estreita, feita de pó, ele avista uma pequena capela. Na frente da capela, um cachorro magro, sem nome e sem dono. Portanto, um cachorro livre, que não precisa viver com o rabo entre as pernas.
Num lado da rua, pés floridos de hibiscos escondem a cerca de arame farpado.
Do outro lado da rua, capim que ninguém vai cortar, porque todos dormem e sonham que um dia haverá de passar por ali uma cabra vadia e com fome. Ou um cavalo velho e manco.
O peregrino sente que nos olhos o pó do deserto dói menos que na alma. Na alma, o pó do deserto vira solidão.
É meio-dia e não há vento nem sinal de chuva.
Tomara que nenhum galo cante. Canto de galo, ao meio-dia, é pra gente perdida no mundo.
Seria melhor ouvir outro sinal de vida. Uma voz de mulher a cantar. Algazarra de criança. Um bem-te-vi. Uma gargalhada gostosa.
Mas, o silêncio é o senhor. Soberano ao meio-dia em cem anos de solidão.
Então, a vida renasce num cheiro gostoso que vem pelo ar. O peregrino segue para o lado de onde vem o vento. Vai com fé, que a fé não costuma falhar. Depois de andar e andar, encontra uma mesa, coberta com toalha florida, perfume de manjericão, nenhuma mosca, e arrumados, muito bem arrumados, pratos de paçoca de carne, paçoca de amendoim e bolinho de frango.
O peregrino dá o primeiro bocado, o segundo, o terceiro. E no quarto, acabam 100 anos de solidão.
Isso não é felicidade?
(foto enviada por Orlando Leme Pinheiro)
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
CENTENÁRIO DE PADRE CHICO: DIA 29 DE AGOSTO . ANO 1. NÚMERO 31
Domingo.
Missa das onze e meia. Era um tempo em que se rezava missa às onze e meia. Tempo, também, em que havia jogos do Campeonato Paulista no mesmo horário.
Padre Chico dizia brincando que a batina preta e a bata branca eram seu uniforme de corintiano. Ele estava no altar, ansioso. O Corintians e o São Paulo jogavam no Pacaembu e ele deixara um rádio ligado bem baixinho na sacristia. Queria ouvir lá do altar a transmissão do jogo, pela Rádio Record. O locutor Geraldo José de Almeida anunciou:
--- Vai começar a partida!!! Apita o juiz!!!
Padre Chico no altar:
--- In nómine Patris et Filli et Spirictus Sancti!
Um ouvido para Deus, outro para o rádio na sacristia:
--- Baltazar passa para Luisinho, que atrasa para Roberto, na intermediária! A torcida do Corintians toma a maior parte do Pacaembu!
Padre Chico no altar:
--- Amén!!!
Rádio na sacristia:
---Cláudio avança pela direita, passa pelo zagueiro Noronha do São Paulo! Baltazar, o Cabecinha de Ouro, espera o cruzamento!
Padre Chico no altar:
--- Gratia Dómini nostri Jesu Christi!
Rádio na sacristia:
--- Baltazar mata no peito, baixa na terra ...
Padre Chico no altar:
--- Jesu Christi!!!
Rádio na sacristia:
--- E chuta para fora! Perde gol feito!
Padre Chico, no altar, bate no peito:
---Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!
Rádio na sacristia:
--- São Paulo no contra-ataque!
Padre Chico no altar:
--- Oremus!!!
Rádio na sacristia:
--- Bauer estica na esquerda para Teixeirinha! Defesa do Corintians aberta!
Padre Chico no altar:
--- Oremus!!! Oremus!!!
Rádio na sacristia:
--- Idário salva o Corintians e manda a bola para escanteio!
Padre Chico no altar:
--- Glória!!! Glória!!! Glória in excelsis Deo!
Rádio na Sacristia:
---Sensacional! Sensacional! Ataque fulminante do Corintians, cabeçada de Baltazar e goooollll!!! Salta o Cabecinha, 1 a 0 no placar!!!
Padre Chico se esquece que está no altar:
---Gol!!! ( E disfarça em seguida: Golus!!! Golus!!! Sanctus! Sanctus! Dóminus Deus! Jesu Christi!!!)
Conego Francisco Ribeiro. Padre Chico. Dia 29 de agosto vai ser comemorado o centenário de seu nascimento. Ele veio de Sorocaba em 1.947 e virou um são-miguelense de coração generoso. Só para lembrar: o dinheiro que recebeu de uma herança da família ele doou para a Santa Casa.
E quando a Santa Casa passou por dificuldades, leiloou seu anel de conego, feito de ouro e marfim, em benefício da instituição. Antes de padre Chico, os mortos de famílias pobres eram levados em redes até o cemitério. Alguns caíam pelo caminho. Padre Chico passou a doar caixões e as redes dos pobres ficaram em casa para vivo dormir. O ginásio de São Miguel Arcanjo tem uma boa mão de padre Chico. Enfim, como diz meu amigo Orlando Leme Pinheiro, padre Chico, mais do que tudo, era um dos nossos. Está lá em cima, no time de São Jorge. E como são-paulino, eu posso dizer, que ele é o único corintiano que foi pro céu. O resto continua no purgatório.
--- Muito bem, meu filho. Você não cometeu nenhum pecado. Deus o abençoe. Mas, me diga uma coisa: pra que time você torce?
--- Palmeiras.
3.
Dona Elvira era a cantora de voz mais ardida no coro da Igreja que Padre Chico organizou assim que chegou à paróquia. Ele não aguentava mais , tinha arrepios, mas se dispensasse dona Elvira, ela ficaria ofendida, o marido também. Deu um jeito assim:
--- Dona Elvira, de hoje em diante a senhora canta de boca fechada.
Todo o coro cantava de boca aberta: Ave, Ave, Ave Maria.
E dona Elvira: Hum, Hum, Hum, Hum, Hum, Hum.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
SEMANA DA ESCURIDÃO. DE 13 A 20 DE AGOSTO. ANO 1. NÚMERO 30
***
--- É que boca de político só fecha com terra de cemitério. A boca e o bolso. Nós vivemos num país em que a eleição faz o ladrão.
--- Uma coisa me incomoda, Tapichi: porque deputados e senadores sempre dão as costas para quem está falando?
--- Porque é de costas que jacaré nada no lugar onde tem piranha.
--- E nós, os eleitores, Tapichi?
--- Vocês são cegos. E em terra de cegos quem tem um olho é ladrão.
--- Não. Eu só acredito que macaco esperto com o rabo preso não mexe no rabo do outro e nem adianta jogar água nele.
--- Dente que nasce torto, não tem jeito, morre torto. Eu preferia que em vez do dente, ele extraisse os parentes.
sábado, 1 de agosto de 2009
SEMANA DA SABEDORIA. DE 6 A 13 DE AGOSTO. ANO 1. NÚMERO 29
segunda-feira, 27 de julho de 2009
SEMANA DA SOLIDÃO. DE 27 DE JULHO A 5 DE AGOSTO. ANO 1. NÚMERO 28
domingo, 19 de julho de 2009
SEMANA DO AMIGO. DE 20 A 27 DE JULHO. ANO 1. NÚMERO 27
terça-feira, 14 de julho de 2009
SEMANA DO ERA UMA VEZ. DE 12 A 19 DE JULHO. ANO 1. NÚMERO 26
Sentado num banco da praça, numa tarde qualquer, ele tentava acender o seu cachimbo.
Mas, o Vento do Mar soprava forte e o isqueiro apagava.
Então, chegou Cassiano Vieira, o leiloeiro da paróquia. Sentou-se ao lado de Joaquim Maestro, fez uma concha com as mãos, protegeu o isqueiro do vento, o cachimbo foi aceso em paz e pronto: fumaça no ar.
Joaquim Maestro soltou uma gostosa baforada e sorriu.
Cassiano Vieira puxou prosa.
--- Estou intrigado com uma coisa, Maestro!
--- Diga.
--- Como é que a gente entra no céu?
Joaquim Maestro puxou mais fumaça do cachimbo, soltou no ar, não cuspiu, por uma questão de boa educação, e respondeu:
--- Engraçado. Eu sonhei uma noite dessas que tinha morrido.
--- Não diga, Maestro.
--- Dei de cara com São Pedro e ele me olhou sorrindo. Perguntei: Aqui é o céu? E ele respondeu: Não, ainda não. O céu fica mais em cima. E me explicou: Está vendo essa escadaria? Está vendo essa caixa de giz? O senhor pega um giz e vai escrevendo em cada degrau o pecado que cometeu em vida. Quando terminar de escrever todos os pecados, a escada acaba e o senhor está no céu. Mas, quero avisar desde já: não adianta esconder pecado, porque a escada só acaba com todos os pecados contados. Então, comecei a escrever. Um pecado atrás do outro. Já estava até ficando cansado. E adivinhe quem eu encontro na escadaria, vindo lá de cima?
--- Quem, Maestro?
--- O Eduvirge Monteiro.
--- O falecido Eduvirge Monteiro?
---O meu compadre Eduvirge, que havia falecido há poucos dias. Fiquei tão contente que gritei: compadre, meu compadre! Que bom que você veio lá do céu me ajudar! E ele respondeu apressado, descendo a escadaria: Que céu, que nada, Maestro. Vou pedir mais giz para São Pedro que o meu acabou.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
SEMANA DO PREFEITO. DE 1 A 8 DE JULHO. ANO 1. NÚMERO 25
Quero confessar o medo que tenho de perder minha cidade.
Não pense, senhor Prefeito, que é exagero deste cidadão.
É que na cidade onde nasci, há muito tempo atrás, existia uma escola de música mantida pela Prefeitura.
Crianças e homens feitos passavam por lá. Um tempinho de nada. E aprenderam nota por nota, compasso a compasso, como deixar Deus mais por perto sem necessidade de nenhum sermão.
Bastava um dobrado, uma valsa ou um chorinho e coração duro logo se amansava e olhar assim meio torto se endireitava.
Deus é feito de música, dizia Tapichi, o mendigo eterno, para quem entendia sua linguagem.
Então, Música Maestro!
Essa é a ordem que andou faltando em tantas cidades que se acabaram.
Campinas, Ribeirão Preto, Sorocaba e estrada afora são muitas as que morreram ou agonizam.
A morte de que falo é feita de aço, ferro e cimento. A busca do superavit.
E o deficit fica com o espírito.
Uma cidade com o espírito em deficit está morta.
A Internet, a TV, o celular apenas disfarçam o cemitério onde a vida não tem mais sentido nem valor.
Para quem já está morto, matar não significa nada (os alarmantes indíces de violência estão marcados com cruzes em todos os cemitérios).
Música, Maestro!
Senhor Prefeito: como seria bom um despacho assim sair de seu gabinete. E de repente ressurgir uma escola, um mestre e novos músicos revelados.
Como seria bom rever as lâmpadas acesas no coreto, estantes arrumadas, a vida a dar uma volta num domingo feliz no largo da matriz.
A vida de volta é uma questão urgente. Antes que a morte nos separe dela.
sábado, 20 de junho de 2009
Semana do Balão. 23-30/06. Ano 1. No.24 TAPICHI E SÃO PEDRO
--- Boa noite, Tapichi.
São Pedro apareceu assim de repente e eu respondi meio assustado:
--- Boa noite, São Pedro.
--- Conte como anda a ordem por aqui, Tapichi?
--- Uma desordem, São Pedro.
--- Por que?
--- Porque não existe mais diferença entre homem e mulher.
--- Acho bom falar com Santo Antônio.
--- Não é preciso, São Pedro.Até agora ninguém reclamou.
--- Vazia, São Pedro. Ôoo vida vazia. Até o padre está de saco cheio.
--- O padre? Mas, isso é um grande pecado.
--- Mas, ninguém sente mais culpa nem tem medo de castigo. Por isso mesmo é que o padre está de saco cheio.
---Mas, quem acabou com a culpa?
--- A culpa é que tinha graça, São Pedro. Houve um tempo em que a gente sentia culpa quando pulava a cerca. Hoje, com tanta porteira aberta, sentir culpa do que?
--- Meu Deus!
--- Houve um tempo em que não se dizia o nome de Deus em vão. Hoje, o nome de Deus passa até pelo vão da boca de senador.
--- E a dignidade?
--- Não existe mais dignidade, São Pedro. Decência, honestidade, ombridade é tudo em vão. E quem protesta, arruma sarna pra se coçar. Sarna ou Sarney.
--- Estou assustado, Tapichi.
--- Tem mais São Pedro: Lembra daquele mandamento para não cobiçar a mulher do próximo?
--- Claro que me lembro.
--- Era, São Pedro. Hoje, as mulheres mudam tanto de companheiro que ninguém cobiça mais nada com medo de ser o próximo.
--- E por falar em cobiça, São Pedro, hoje quem tem, põe mais. Quem não tem, tira.
--- E o mandamento "Não roubarás!" como é que fica, Tapichi?
--- Quer um conselho, São Pedro? Se o senhor cismar de andar um dia pela Terra cuidado com as chaves.
--- Por que?
--- Porque podem roubar o céu do senhor.
--- Espero que pelo menos estejam honrando Pai e Mãe, Tapichi.
--- Passe no asilo que o senhor vai ver que filhos andam por aqui.
--- Filhos da...
--- Calma, São Pedro.
--- E o mandamento "Não matarás!", Tapichi?
--- Ah, se o senhor conhecesse o Bush e a Favela do Alemão...
--- Espero que você não esteja dando um falso testemunho, Tapichi.
--- Falso testemunho? Eu? De jeito nenhum. Falso testemunho quem dá sempre é no Jornal das Oito da TV. É um primeiro de abril atrás do outro.
--- Meu Deus, tudo isso parece o fim do mundo.
--- Mas, o fim do mundo já começou, São Pedro!
--- Não diga! Começou onde, como?
--- Com a novela da Globo. Milhões de pessoas mortas na frente da TV. Mortas sem receber a extrema-unção.
--- E os padres?
--- Ou estão mortos também ou de saco cheio.
Então São Pedro, muito desolado, pegou a estrada de Capão Bonito e antes de voltar para o céu, gritou:
--- Salve o Guapé, Tapichi!
domingo, 14 de junho de 2009
BUSCAPÉ PARA DESCER DO MURO
BUSCAPÉ PARA RABO PRESO
BUSCAPÉ PARA QUEM NÃO ANDA DIREITO
BUSCAPÉ PARA SAPATÃO
BUSCAPÉ PARA CDF
Mastro Górvo:uma historinha a moda italiana
Muito do nosso jeito caipira de falar (e até a moda de viola) vem dos imigrantes italianos, que pegaram a Língua Portuguesa do jeito que deu e fizeram uma bela pizza.
E ninguém brincou melhor com essa linguagem do que o escritor Alexandre Marcondes Machado (1.892-1933), um paulistano que aprendeu com os italianos a amar a cozinha, as mulheres e a vida e que escrevia sob o pseudônimo de Juó Bananéri.
Acompanhem a graça desta história: Mastro Górvo.
Mastro Rapóso
Sintindo um cheirinhe
Parlou nisto linguágio:
--- Eh, dotóri Górvo! Bom di! Como estai o sinhore? Estai bonzinhe? Como o sinhore é bunitinhe! Te parece una Giuriti! Parlando a verdade pura, oh, chirosa criatura, si vostro linguágio é uguali a vóstro plumágio, giuro per San Benedicto que in tuto questo distrito no tem otro passarinhe qui seja mais ...ê... bunitinhe.
O Górvo ficô ton inchado com estas adulaçon qui até parecia o Rodorfo no tempo da intervençón.
I pra mostrá o linguágio abriu os bruto bicón i deixô caí o formágio qui o Rapóso logo pigô. E disse:
--- Sô Górvo, o sinhôre é um coió, o piore do capitó. Ma aprinda bem esta liçon e non credite nunca mais em adulaçon.
O Górvo, danado da vida, com o logro qui ilo levô, pigô um pedaço di corda e sinforcô.
domingo, 7 de junho de 2009
Por que não adotar uma criança vira-lata?
E num momento em que a onda dos novos ricos é adotar cães ou gatos, a única saída dessas crianças talvez seja aprender a latir e erguer a perna para fazer xixi (no caso dos machos). Quem sabe, alguma madame possa gostar.
Os grandes homens têm marcas de calos nas mãos
Ai, que saudade da Carula
domingo, 31 de maio de 2009
quarta-feira, 27 de maio de 2009
AS SETE PRAGAS DE BRASÍLIA
" Chamo a Força da Encruzilhada para que os políticos corruptos se percam nos seus discursos. E que a língua deles confunda a direção a seguir. Em vez de ponto de exclamação (Nesta Casa impera a decência e a honestidade!) que entre a interrogaçao (Nesta casa impera a decencia e a honestidade?) E que eles babem as palavras e caiam pingos em todos os is dos indecentes, inconscientes, inconfiáveis, ignorantes, ignóbeis, intrigantes, inúteis, irresponsáveis, indolentes, inidôneos.
3.BOCA DE SAPO "Chamo o Senhor dos Pântanos para castigar com uma boca de sapo quem preenche o expediente com discursos e apartes inúteis. E que dessa boca saia um discurso só: Foi gol!!! E um aparte só: Não foi!!! E que tudo vire uma saparia: Foi gol! Não foi! Foi gol! Não foi!"
4.ZUMBIDO ETERNO
"Chamo o Besouro Mensageiro da Escuridão para que um zumbido de avião fique para sempre nos ouvidos de quem manda a família passear com as passagens aéreas que o povo paga. "
5.DEDO PRESO
6.ATAQUE DE FRESCURA
terça-feira, 26 de maio de 2009
o mundo cada vez mais louco
--- Que mundo é este de onde eu já voei? Que mundo é este? Já estão vendendo papel higiênico preto! Meu Deus! Para a loucura ficar completa só falta fazer cocô no escuro!
sábado, 23 de maio de 2009
barbeiro gabino martins. careca de raiva.
e benedito terra devolveu a porca...
alfaiate agenorzinho, mãos de tesoura
Certa tarde, o Zé Trincheira (José Monteiro Terra) entrou assim de repente na alfaiataria, sacou um 38 (sem balas) e gritou:
--- Que história é essa de você espalhar por aí que eu não pago meus ternos?
--- Eu??? Mas, eu nun... nun... ca... di...disse... na...nada!
--- De amigo da onça como você eu tapo a boca com bala!
--- Pe...pelo a..amor de...de... Deus, o que que é isso?
E Zé Trincheira puxou o gatilho.
Escondido, rente à parede, próximo da porta, Chico Terra, primo de Zé Trincheira, estourou no mesmo instante três bombinhas de São João. E Agenorzinho gritou aflito, com as mãos no peito:
--- Trin...Trincheira! Vo...você me ma...matou.
E caiu desmaiado.
(Os três eram grandes amigos)
sexta-feira, 22 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
um sonho bem porquinho
Alguns pobres porquinhos estão confusos com seu destino original. Eles nem sabem mais a diferença entre lavagem comum --- que é a comida dos porcos --- e a lavagem de dinheiro --- que é o prato preferido de certa raça de porcos emergentes.