quarta-feira, 27 de maio de 2009

AS SETE PRAGAS DE BRASÍLIA

PELA MAIS TERRÍVEL E INVISÍVEL FEITICEIRA DE SÃO MIGUEL ARCANJO:

DONA CHICA.




1. VENTRE LIVRE


"Se nem prisão de ventre pega corrupto, chamo a força de descarrego de todos os Caboclos da Mata para que dê a essa gente um Ventre Livre e solto e que a água da descarga não pese na conta do povo brasileiro. "


2. LÍNGUA NA ENCRUZILHADA




" Chamo a Força da Encruzilhada para que os políticos corruptos se percam nos seus discursos. E que a língua deles confunda a direção a seguir. Em vez de ponto de exclamação (Nesta Casa impera a decência e a honestidade!) que entre a interrogaçao (Nesta casa impera a decencia e a honestidade?) E que eles babem as palavras e caiam pingos em todos os is dos indecentes, inconscientes, inconfiáveis, ignorantes, ignóbeis, intrigantes, inúteis, irresponsáveis, indolentes, inidôneos.

3.BOCA DE SAPO "Chamo o Senhor dos Pântanos para castigar com uma boca de sapo quem preenche o expediente com discursos e apartes inúteis. E que dessa boca saia um discurso só: Foi gol!!! E um aparte só: Não foi!!! E que tudo vire uma saparia: Foi gol! Não foi! Foi gol! Não foi!"

4.ZUMBIDO ETERNO


"Chamo o Besouro Mensageiro da Escuridão para que um zumbido de avião fique para sempre nos ouvidos de quem manda a família passear com as passagens aéreas que o povo paga.
"


5.DEDO PRESO


"Chamo Pimpão, o gnomo brincalhão, para que o dedo em riste dos cínicos e falsos moralistas fique preso nos íntimos recônditos onde esse dedo passa todas manhãs. "

6.ATAQUE DE FRESCURA


"Chamo Bichin, o gnomo protetor das Margaridas, para que provoque um arrasador ataque de frescura em todo parlamentar que costuma socar o ar ou esmurrar a mesa numa falsa demonstração de honestidade. E que sua voz se afine e ele desmunheque descontroladamente."

7.COCEIRA ETERNA


" Chamo o espírito do Vento do Mar para que carregue esta porção de pó de mico até o Congresso e que uma coceira eterna não deixe mais desocupadas as mãos leves que fazem o povo brasileiro coçar a cabeça. "



terça-feira, 26 de maio de 2009

o mundo cada vez mais louco

O sábio Tapichi, o eterno mendigo da Paróquia de São Miguel Arcanjo, mais uma vez apareceu de repente no largo da Matriz, subiu num banco e começou a gritar:
--- Que mundo é este de onde eu já voei? Que mundo é este? Já estão vendendo papel higiênico preto! Meu Deus! Para a loucura ficar completa só falta fazer cocô no escuro!
Mais endoidecido ainda, Tapichi continuou a gritar:
--- Querem mais??? O desodorante Avanço agora também patrocina o Corintians. A marca vai ficar bem ali no sovaco do time. Imagine só aonde vão colocar a marca quando o patrocínio for da Hemovirtus. No meu, não, no meu, não...
E Tapichi desapareceu no ar.

sábado, 23 de maio de 2009

barbeiro gabino martins. careca de raiva.

Tapichi, o eterno mendigo de São Miguel (às vezes, ele aparece), contou que raparam a cabeça dos que não pagaram a conta do Gabino e todos foram expulsos para Pilar do Sul. Ele, não, pois nunca cortou barba nem cabelo e nunca deveu nada a ninguém.
(Jornal A Razão, de julho de 1.923. Arquivo de Paulo Manoel)

Ela (não é bom dizer seu nome) cantava que não acabava mais. Ela e o galo.
Todo santo dia, toda santa hora, ela cantava de um lado e o galo do outro.
O marido (não é bom dizer seu nome) apareceu um dia coçando a cabeça na barbearia do Gabino:
--- Estou numa dúvida danada, seo Gabino. Não sei se destronco o pescoço do galo ou da minha mulher. Não aguento mais a cantoria dos dois.
--- Quer um conselho? Destronque o pescoço do galo.
--- Mas, o galo canta mió, seo Gabino!!!

e benedito terra devolveu a porca...


NESTE PAÍS, ONDE É MESMO QUE A PORCA TORCE O RABO?
LEIAM O AVISO ABAIXO, PUBLICADO EM MAIO DE 1.923.
ELE SERVE PARA TODOS OS QUE EXERCEM O PODER SEM NENHUM PINGO DE HONESTIDADE E QUE, COM CERTEZA, JÁ TERIAM COMIDO A PORCA SEM AVISAR O DONO.
Publicado no Jornal A Razão. Do arquivo de Paulo Manoel.

alfaiate agenorzinho, mãos de tesoura

Agenorzinho era um artista dos ternos sob medida. Mas, não dava muita trela à freguesia. Era gago e enfezado. E quanto mais enfezado, mais gago ficava.
Certa tarde, o Zé Trincheira (José Monteiro Terra) entrou assim de repente na alfaiataria, sacou um 38 (sem balas) e gritou:
--- Que história é essa de você espalhar por aí que eu não pago meus ternos?
--- Eu??? Mas, eu nun... nun... ca... di...disse... na...nada!
--- De amigo da onça como você eu tapo a boca com bala!
--- Pe...pelo a..amor de...de... Deus, o que que é isso?
E Zé Trincheira puxou o gatilho.
Escondido, rente à parede, próximo da porta, Chico Terra, primo de Zé Trincheira, estourou no mesmo instante três bombinhas de São João. E Agenorzinho gritou aflito, com as mãos no peito:
--- Trin...Trincheira! Vo...você me ma...matou.
E caiu desmaiado.
(Os três eram grandes amigos)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

bons tempos em que os burros eram amestrados

Bons tempos em que não havia Internet nem novela de TV, mas havia jornal de verdade e não havia propaganda nem noticia mentirosa e havia carroças e havia burros amestrados e havia vida. Mas, o mundo mudou: só restaram burros chucros.
(do arquivo de Paulo Manoel)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

um sonho bem porquinho

--- Manhêee!!! Eu não quero ser salsicha quando crescer. Também não quero ser linguiça. Eu quero ir pra Brasília.
Alguns pobres porquinhos estão confusos com seu destino original. Eles nem sabem mais a diferença entre lavagem comum --- que é a comida dos porcos --- e a lavagem de dinheiro --- que é o prato preferido de certa raça de porcos emergentes.
miguel arcanjo terra

SER OU NÃO SER CORRUPTO, EIS A QUESTÃO

Laurence Olivier em Hamlet, de Shakespeare
Dito Coveiro, um velho funcionário do cemitério de São Miguel, às vezes filósofo, às vezes criador de abelha em crânio de defunto, dizia para os que ainda estavam vivos:
Político ladrão não passa de um bocó. Ele quer ser maior pelo que tem e pelo que leva dos outros. Mas, se esquece de que no fim o que ele tem fica para os outros. E o que ele pensava ser, as formigas levam.
miguel arcanjo terra

terça-feira, 19 de maio de 2009

RENATO CAUCHIOLI, DOCE MESTRE

Eu era um menino que carregava sonhos no estojo do trumpete, mas sem dinheiro nem para comprar grapete.
De ônibus e bonde, chegar onde? Nos sonhos, a realidade sempre se esconde.
Trombone. Por aqui passava a alma de Renato Cauchioli.
Até Pinheiros, vindo do bairro do Tremembé, só me desviava dos sonhos nas quadras a pé. Era preciso atenção no farol, eu que em São Miguel vivia despreocupado embaixo do Sol.
Nos meus sonhos, eu me via alto num palco iluminado, um astro com a grandeza de Renato Cauchioli, num naipe de metais dourados, sob a regência de Silvio Mazuca, Osmar Milani, Enrico Simonetti. E me vinha a imagem de lindas garotas a me jogar confeti.
Renato, meu doce mestre das tardes de domingo. Ele, sem tempo, arranjava um tempo para me ensinar música, antes de apanhar o táxi para as apresentações na TV. E até o centro da cidade eu ganhava na volta esse táxi de presente e guardava essa felicidade de ônibus e a pé até chegar em casa, onde não havia tanta coisa, mas sobrava fé. Miguel Arcanjo Terra

segunda-feira, 18 de maio de 2009

ZÉ TRINCHEIRA

Campo de terra. Bola de capotão (aquela bola que tinha câmara de ar para encher e uma tira de couro --- o tento --- para fechar o capotão depois de cheia). E a história foi assim:
Zé Trincheira, que de nome certo era José Monteiro Terra, jogava de center-alf no Esporte Clube São Miguel, um dos mais valentes do time.
Nos Anos 50, num jogo contra Pilar do Sul, virou herói. Ele e o juiz Abdalinha, que fechou seu bar para apitar a partida.
Pilar do Sul vencia por 1 a 0. Tempo quase no fim. Então, sobrou uma bola no jeitinho para Zé Trincheira, na intermediária, acertar um sem-pulo formidável, tão forte que o tento se soltou (aquela tira de couro) e a câmara de ar estourou e saiu pela boca e o capotão ficou vazio e murcho e a câmara de um lado e o capotão do outro continuaram na direção do gol de Pilar do Sul. Meio bocó, o goleiro não sabia se agarrava a câmara de ar ou o capotão e nessa indecisão a câmara de ar entrou no canto direito e o capotão no canto esquerdo e Abdalinha deu dois gols para São Miguel, que virou o jogo: 2 a 1.
A briga foi tanta que não sobra tempo pra contar.
(miguel arcanjo terra)

domingo, 17 de maio de 2009

ESSES MOÇOS, POBRES MOÇOS, QUE O CELULAR TORNOU INVISÍVEIS

--- Eu queria tanto falar eu te amo nos ouvidos dela...
--- E por que você não fala?
--- Como é que eu vou falar se o celular não sai de lá???

ARMAZEM DO NESTOR FOGAÇA

--- Bom dia, Artur! (Artur era o gerente do armazém).
--- Bom dia, seo Dario! (Dario era um dos homens mais bravos da paróquia, irmão do Benedito Terra)
--- Corte aí meio quilo de mortanguela!
--- Desculpe, seo Dario, mas o jeito certo de dizer não é mortanguela, é mortadela.
--- E o preço?
--- O preço é igual.
--- Então, embrulhe mortanguela mesmo e enfie sua mortadela...
--- Calma, seo Dario, calma...

BARBEARIA DE PAULINO BRIZOLA (FECHADA PELO TEMPO)

--- Amigo Paulino: me diga por que você é barbeiro com tanto violino espalhado aí na parede?
--- Amigo Zacarias: me diga por que você é careca com tanta barba espalhada aí na cara?
Moral da história: Só os bobos perdem tempo em explicar o inexplicável.
A barbearia de Paulino Brizola ficava perto do largo da matriz. Ele era pai de Ataliba (bom trompetista) e Valdomiro (clarinetista). Zacarias era um libanês de grande simpatia.

sábado, 16 de maio de 2009

SOU CAIPIRA, MAS NÃO SOU BOBO

Lá pelos lados do Rincão, o professor Lauro, diretor do Grupo Escolar José Gomide de Castro (o Orlando Pinheiro deu o nome certo), assim de passagem pela casa de um sitiante, ficou preocupado com a gripe de sua mulher.
--- Acho bom chamar o Antenor Moreira.
O sitiante fechou a cara:
--- É aquele homem grandão que aplica injeção?
--- Ele mesmo. O melhor farmacêutico por estas bandas.
--- Injeção no braço?
--- Às vezes, não.
--- Então, nem é bom chamar. Daquela parte do às vezes não, quem trata sou eu.
(miguel arcanjo terra)

ESSE DENTE EU NÃO PAGO

Ademar Monteiro foi o primeiro dentista de São Miguel Arcanjo, com formação superior.
Seu pai, Eduvirge Monteiro, era dentista apenas pela prática.
Poucos dias depois de montar seu consultório, na própria sala do seu pai, apareceu o primeiro cliente. Veio lá do Turvinho. Caboclo forte e bravo, mas gemia de dor de dente. Ressabiado, sentou-se na cadeira novinha, cheia de etecéra e tal, como dizia o Cassiano Vieira. Logo perguntou:
--- Seo Eduvirge já vem?
--- Não, senhor. Estou no lugar dele. Sou seu filho.
--- Ai, ai, ai... Óia bem o que o senhor vai fazer!
--- Acabei de me formar em Sorocaba. Cirurgião dentista.
--- Óia!!
--- Fique tranquilo. Conheço muito bem meu ofício.
--- Óia!!!
--- Abra a boca, por favor!
--- Óia!!!
--- Nossa! Esse dente não tem mais jeito. Só mesmo uma extração.
--- Óia!!!
Em pouco tempo, Ademar Monteiro preparou a anestesia, aplicou a injeção, esperou um pouquinho, apanhou o boticão, fez a extração num arranco só e, orgulhoso, apresentou o dente ao seu primeiro cliente:
--- Prontinho. Taí o danado.
Surpreso com tamanha rapidez, o caboclo ficou de boca aberta um bom tempo, antes de perguntar desconfiado:
--- Mas esse dente é meu?
--- Era. Agora vai pro lixo.
--- E quanto ficou o serviço?
--- Cinco mil réis!!!
O caboclo saltou furioso da cadeira:
--- Cinco mil réis? Ah, não pago. De jeito nenhum.
--- Mas, por que?
--- Porque da última vez que arranquei um dente com seu pai, eu e ele lutamos mais de uma hora, caí da cadeira, rolei no chão, ele não largava o alicate, eu não largava o braço dele, eu gemia de cá, ele bufava de lá, viramos até a bacia dágua. Uma peleja e tanto. Sabe quanto ele cobrou? Um mil réis. E agora vem você cobrar cinco mil réis sem fazer força nenhuma e sem doer nada? Não pago.





LEITÃO ENFEITADO

Cassiano Vieira, o mais vibrante leiloeiro da paróquia, gritou mais de meia hora na quermesse:
--- Quanto me dão por este leitão? Quanto me dão?
Ninguem arriscou nenhuma oferta. Rouco e zangado, ele falou com o festeiro:
--- Bem que eu avisei. Leitão muito enfeitado fica com jeito de viado. Ninguém arremata.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

SÃO MIGUEL: PROTEGEI-NOS DOS EMBUSTES E CILADAS

Um alerta de Tapichi, o eterno e sábio mendigo da Paróquia de São Miguel Arcanjo, que lá do outro mundo vê muito melhor as coisas.
Uma trama diabólica pode estar armada atrás dessa gripe suina. Mais uma grande e inacreditável porcaria dos poderes que nos sufocam. Fiquem espertos, principalmente os que ainda não foram vacinados contra essas coisas.


quarta-feira, 13 de maio de 2009

VAGAR NO MATO É ECOLOGIA. BREVE NESTE PAÍS.

O FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assola o País), criação do saudoso e genial Stanislaw Ponte Preta, não perderia esta.
Num momento em que tateamos no escuro e, inseguros, cavalgamos o vento, o Jornal Nacional (dia 13/05) abre largo espaço para Mário Cesar Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica, pedir o seguinte:
Economizar a água que se gasta com a descarga do xixi. E sugere, para tanto, xixi embaixo do chuveiro, na hora do banho, isto é, xixi pelo ralo.
O mendigo Tapichi, sábio da paróquia de São Miguel Arcanjo (às vezes, ele aparece), não poderia deixar de ser consultado. Aqui, as suas ponderações:
1. Em média, a gente toma um banho por dia e faz cinco xixis. Para fazer xixi embaixo do chuveiro são necessários, portanto, cinco banhos, o que não é economia nenhuma.
2. O ar ficará poluído com o uso de aerosóis para acabar com o mau-cheiro.
3. Nós levamos milhões de anos para evoluir e não fazer xixi fora do pinico. Essa sugestão é para a involução da espécie.
4. A SOS Mata Atlântica não tem mais mico leão pra cuidar?
5. Eu quero que essa gente vá vagar no mato (por favor, não confundam o verbo: é vagar de andar sem rumo)

terça-feira, 12 de maio de 2009

TIZIU! TIZIU!

Mesmo na paz da paróquia de São Miguel Arcanjo, os políticos acabam com a paciência até dos homens de santo sossego, como era o Lázaro marceneiro.
--- Político e tiziu em pescaria tiram a gente do sério, ele dizia. E contava por quê.
--- Estava no guapé, bem sossegado. De repente, um tiziu pousou na vara de pescar. Ficou pulando, pra cima e pra baixo, igual político: tiziu!tiziu! Mas, que tiziu danado de chato. O peixe mordia a isca e ele lá na vara de pescar saltava e atrapalhava a fisgada: tiziu, tiziu. Aí eu perdi a paciência. No que o tiziu pulou de novo, puxei a vara de lado e ele caiu no guapé: tchibum! Político e tiziu é a mesma coisa: é só tirar a base de apoio que ele se estrepa.





sábado, 9 de maio de 2009

SÃO MIGUEL NA FRANÇA


Lá em Paris, Andréia Frank e seu marido Philip navegaram uma madrugada dessas pelo Arraial de São Miguel. Gostaram e encaminharam uma imagem do Mont Saint Michel, um dos lugares turísticos mais visitados da França. A Abadia foi construída no Século X à beira mar, onde acontece a segunda maré mais alta do mundo (chega a 15 metros). Duas vezes ao dia, a maré sobe rapidamente e a Abadia vira uma ilha.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

SÃO MIGUEL, ETERNO GUARDIÃO

--- Você sabe que eu gosto muito de você!
--- Sei.
--- Você sabe que eu vou me casar com você!
--- Sei.
--- Você sabe que eu vou falar com seu pai!
--- Sei.
--- Você sabe que eu já encomendei as alianças!
--- Sei.
--- Então, me dá um beijo!
--- Não.
--- Mas, por que não?
--- Porque tem alguém olhando da janela.
(foto do acervo de Paulo Manoel )

HISTORINHAS DA REVOLUÇÃO DE 32


1.
Era uma tropa de soldados de Santos. Eles vinham cambaleantes pela estrada do Turvinho. E um caboclo no caminho perguntou:
--- De onde é que vem a tropa?
--- Nós estamos vindo do inferno, respondeu um dos soldados.
--- Não desacorçoem. O céu fica logo ali adiante: São Miguel Arcanjo.
--- Mas, os gaúchos não bombardearam a cidade?
--- Não, senhor. A cidade sumiu de vista, desapareceu no ar e um general romano ainda se pôs na frente dos gauchos e ordenou: Daqui ninguém passa. Estão dizendo que o tal general era São Miguel que desceu do céu.
E o soldado tirou o casquete da cabeça com muito respeito.
2.
Naquela tropa estava Athiê Jorge Coury, que foi presidente do Santos na época de ouro de Pelé, Coutinho, Pepe, Zito, Gilmar, Dorval, Mengálvio. Ele e seus companheiros passaram uma noite em São Miguel Arcanjo, na Revolução Constitucionalista de 1932, como soldados paulistas, infelizmente derrotados pelas tropas de Getúlio Vargas, depois de 87 dias de combate.
Chegaram do bairro do Turvinho, tristes, numa procissão sem velas, sem andores, mas cheia de padiolas e ais. Em São Miguel Arcanjo, foram recebidos pelo padre Olegário, que chorou com eles pela derrota. E a procissão seguiu, capengando, para Pilar do Sul.


quinta-feira, 7 de maio de 2009

SÃO MIGUEL NA BELGICA


Lilli Lipkau, de Bruxelas, na Belgica, manda e.mail dizendo que passeou no arraial de São Miguel e gostou muito. Pena, ela diz, que naquela esquina não exista mais o clube e as pessoas não passeiem pelas ruas. Também pede desculpas por faltar cedilha e til no teclado alemão.


NAMASTÊ

Os imigrantes japoneses chegaram um a um, quietos, bem quietinhos, e de manhã à noite, sem que ninguém visse, cavaram a terra, semearam, colheram e, só então, quietos, bem quietinhos, uniram as mãos três vezes em gratidão a São Miguel Arcanjo:
1. Deram um jardim de presente.
2. Sorriram num cumprimento Namastê (o Deus que mora em mim saúda o Deus que mora em você).
3)Ensinaram que mãos ativas e boca fechada fazem milagres. (foto do acervo de Jairo A. Costa)

DEBULHAR O TRIGO

O imigrante italiano Dante Carraro, na Década de 40, tinha o sonho de ver São Miguel entre trigais, que é a paisagem do pão nosso de cada dia.
Até mesmo o governador Ademar de Barros ele trouxe para ver a plantação. E um avião pousou na pista de terra, a banda tocou, fizeram discursos, deram vivas, mas no meio do sonho apareceram esses fantasmas que param o mundo.
Ainda bem que os fantasmas que aparecem, também desaparecem. E o sonho se realizou: os trigais de São Miguel hoje balançam ao vento, cheios de fartura. (foto Nazaré Domingues)

MAGIA DO GUAPÉ

Quem bebe água do Guapé, vai embora a cavalo e volta a pé.
A velha Chica, boa de praga e de mandingas, velha assim de sair no portão para cuspir desaforo, achava ingratidão um filho da terra bater o pó das botinas e sair mundo afora.
Ela deixou no ar essa praga, o Vento do Mar espalhou e muita gente caiu do cavalo longe de São Miguel. A benção, Nha Chica.

SÃO MIGUEL: QUER COISA MELHOR?

Conversa num café de São Paulo:
--- Onde você nasceu?
--- Em São Miguel Arcanjo.
--- E que tal São Miguel?
--- É uma uva.
(foto de Paulo Manoel)

NHÔ MUNDO, NOSSO SUPER-HOMEM

--- Não dá para seguir viagem, Nhô Mundo!
--- Pois, me diga por quê?
--- Falta um boi neste carro, Nhô Mundo!
--- E eu pra que sirvo?

Nhô Mundo Pereira.
A força de Sansão estava nos cabelos, que Dalila cortou. A dele estava na barba, onde ninguém pôs mão.
Nhô Mundo tinha a incrível força de um boi. Mas, era homem de coração manso, o mesmo coração que bate assim de mansinho em todos os Pereiras que vieram dele e, se for preciso, puxam um carro de boi por São Miguel. (foto do acervo de José Antonio de Góes)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

CEMITÉRIO? SÓ SE FOR IDA E VOLTA

Contam que certa vez perguntaram ao Tapicihi, o imortal mendigo de São Miguel Arcanjo (de vez em quando ele aparece):
--- Você gosta de entrar no cemitério?
E ele respondeu depressa:
--- Só entrar eu não gosto. Eu gosto de entrar e sair.

O SINO E SEUS SINAIS

Todo coração bate mais forte, quando um sino bate ao longe.
O sino é o sermão de Deus sem palavras. E a gente se toca quando o sino toca e limpa da alma as sombras escuras.
Em São Miguel Arcanjo, numa manhã qualquer, alguém qualquer, perdido de si, ouviu ao longe o sino tocar. E se tocou: a vida é uma benção que não se deve perder com medos do amanhã. Basta o dia de hoje para olhar as flores do campo ou as aves do céu, que não semeiam, não colhem nem ajuntam provisões nos celeiros.
(Campanário da Igreja de São Miguel Arcanjo. Foto enviada por Orlando Pinheiro)

terça-feira, 5 de maio de 2009

HERÓIS DE DOMINGO

ESPORTE CLUBE SÃO MIGUEL.
AÍ ESTÃO OS HERÓIS DE TANTAS TARDES DE DOMINGO.
NÓS TORCEMOS PARA QUE TODOS CONTINUEM EM CAMPO, NO JOGO DA VIDA, SABENDO PERDER E GANHAR. E QUE NENHUM ESTEJA NA RESERVA, ESQUECIDO NUMA CADEIRA DE BALANÇO.
(Foto do acervo de Jairo A. Costa Jr. Se alguém souber a escalação completa do time, ponha em campo.)
ATT: ORLANDO PINHEIRO INFORMA EM PRIMEIRA MÃO A ESCALAÇÃO.
Técnico: Ercilio Camargo.
De pé: Jorge Jabur, Beija Flor, Rubens Domiciano, Edward Rosa, Ico da Conce e Victor. Agachados: João antunes, Lazinho(?),Daniel Martins e Pafúncio.

ERA UMA VEZ

QUANDO UM HOMEM E UMA MULHER DEIXARAM DE DANÇAR DE ROSTO COLADO, O SONHO ACABOU.
ENTÃO, OS MÚSICOS PARARAM DE TOCAR, GUARDARAM OS INSTRUMENTOS E FORAM EMBORA.
(Conjunto Bernardes Jr: Mingo Terra, Dito Marques, Irene, Dirceu de Campos, Zexo, Orlando Rosa, Jango Rolim, João Carlos, Benê, Zé de Campos. Acervo de Paulo Manoel.)

A REDE GLOBO CRIOU A SOLIDÃO

Ali, bem ali naquela esquina, existia um clube, o Bernardes Jr.
Aqui, bem aqui nesta rua, as pessoas iam e vinham, pra lá e pra cá, e janelas e portas nunca se fechavam. Mas, um dia, todos nós nos escondemos para ver televisão. Plim-Plim.
(foto do acervo de Jairo A. Costa Jr)

VISÃO DO LARGO DA MATRIZ, LÁ DA TORRE

NENHUM MENINO SOBE NA TORRE DA IGREJA PARA VER DEUS.
TODO MENINO SOBE PARA SER DEUS E VER O QUE FAZEM LÁ EMBAIXO.
(Foto de Orlando Pinheiro, do alto da torre da Igreja de São Miguel Arcanjo)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

SÃO MIGUEL COR DE IPÊ

Um pé de Ipê pede tão pouco. Que você olhe pelo menos um pouco suas flores que duram tão pouco.
(Do acervo de Orlando Pinheiro)

BREVE, NESTE CINEMA

Nesse casarão, no escurinho de si mesmo, a gente entrava atrás de sonhos: Cine São Miguel.
Mas, nossos sonhos despencaram. Saimos de cartaz. Todos os que esperavam um final feliz não entendem porque a vida às vezes vira um filme triste. Breve, neste cinema --- aonde nossa alma se alimentava --- estarão vendendo batatas, cebolas e papel higiênico.
(foto do acervo de Orlando Pinheiro)

domingo, 3 de maio de 2009

A ÚNICA IGUALDADE ENTRE OS HOMENS

NÃO É NO CÉU QUE SOMOS TODOS IGUAIS.
É NA BACIA DO BANHEIRO.
(De Cassiano Vieira. Leiloeiro e filósofo da paróquia. Arte de Simon Bond)