Miguel Ortiz de Camargo. Miguel Ortiz. Simplesmente Ortiz. Ou Miguel.
Meu tio Miguélzão. Eu sou o Miguelzinho.
O tio mais novo que eu tenho.
Tio ou irmão? As duas coisas.
Com ele tive minha primeira lição de mulher. Confesso que me assustei um pouco. Não imaginava que nem tudo eram flores ou perfumes.
Com ele aprendí que um viado de quatro nunca fica de pé, mas um viado de pé sempre fica de quatro.
Com ele varei cerca de arame farpado para colher laranja no quintal do vizinho.
Com ele fui coroinha e só deixei de ser quando certa manhã ouvi seu grito lá no fundo da casa paroquial: Corre, corre, Miguelzinho, que o padre qué comê nóis. E até hoje a gente corre.
Com ele nadei pelado pela primeira vez e arrisquei uns puns na piscina do Abdalla Jabur para ver se subia bolinha. Não subiu nenhuma.
Com ele toquei na banda, joguei bola, pião, bolinha de gude, fui toureiro de bode e cabra vadia, até que um dia a jardineira do Bento França me levou embora e me perdí da infância.
Mas, engraçado, a infância sempre volta para quem não é morto vivo.
E a sombra agora a meu lado, aqui na Avenida Paulista, em São Paulo, tenho certeza que é a dele.
Meu tio Miguélzão. Eu sou o Miguelzinho.
O tio mais novo que eu tenho.
Tio ou irmão? As duas coisas.
Com ele tive minha primeira lição de mulher. Confesso que me assustei um pouco. Não imaginava que nem tudo eram flores ou perfumes.
Com ele aprendí que um viado de quatro nunca fica de pé, mas um viado de pé sempre fica de quatro.
Com ele varei cerca de arame farpado para colher laranja no quintal do vizinho.
Com ele fui coroinha e só deixei de ser quando certa manhã ouvi seu grito lá no fundo da casa paroquial: Corre, corre, Miguelzinho, que o padre qué comê nóis. E até hoje a gente corre.
Com ele nadei pelado pela primeira vez e arrisquei uns puns na piscina do Abdalla Jabur para ver se subia bolinha. Não subiu nenhuma.
Com ele toquei na banda, joguei bola, pião, bolinha de gude, fui toureiro de bode e cabra vadia, até que um dia a jardineira do Bento França me levou embora e me perdí da infância.
Mas, engraçado, a infância sempre volta para quem não é morto vivo.
E a sombra agora a meu lado, aqui na Avenida Paulista, em São Paulo, tenho certeza que é a dele.