terça-feira, 22 de novembro de 2011


O VAI-E-VEM DO AMOR
--- O amor dos jovens de hoje é muito vai-e-vem, vai-e-vem, vai-e-vem, vai-e-vem. Bom mesmo era o amor parado do nosso tempo.
--- Mas, o vai-e-vem é que era gostoso.
--- Que horas são?

CHATICES
--- Não tem coisa mais mais triste do que ir a velório.
--- Tem sim. Ser o defunto.
--- Que horas são?



sábado, 19 de novembro de 2011

FIM DE SEMANA

--- O que você vai fazer neste fim de semana?
--- Nada. E você?
--- Nada, também.
--- Meu Deus: será que a gente já morreu?
--- Que horas são?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Guarda-chuvas do amor

--- Minha mulher me trata como um guarda-chuva.
--- Como assim?
--- Passou a chuva, ela esquece.
--- Que horas são?

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A CHUVA QUE PASSOU


Pai!!!
Os três filhos o chamaram ao mesmo tempo. E ele correu para o meio da chuva e foi pego num longo abraço. Com as mãos nos ombros, todos se tornaram um e dançaram, dançaram, como há trinta anos atrás numa chuva que passou. Ah, como sorriram felizes. Mas, a chuva chorava um pouquinho.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

VELHINHOS RACHÂNUS

--- Jamais imaginei que me transformaria num Rachânus.
--- O que é isso?
--- Rachânus é aquele que, indeciso entre duas canoas, põe um pé em cada uma. Mas na correnteza do rio as canoas começam a se separar e ele não sabe em qual das duas colocar o outro pé. E, assim, racha o ânus. Rachânus.
--- Que horas são?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

VELHINHOS: AMOR DE VERDADE

--- Será que existe amor de verdade?
--- Claro que existe, mas dura pouco. É o sentimento daquele breve instante entre querer ficar e ter que ir embora.
--- Que horas são?

QUANTO MAIS VELHO, MAIS PÉS NO CHÃO

--- Numa manhã tão azul como esta, minha vontade é bater asas e voar.
--- E por que não voa?
--- Eu tenho medo de altura.
--- Que horas são?

sábado, 5 de novembro de 2011

MOEMA NUMA VIRTUAL TARDE DE SÁBADO

A realidade do tempo virtual nem sempre combina com a do tempo real.
Tempo virtual é o que pode vir a ser. É o novo tempo de Moema.
As árvores continuam na real, mas elas são invisíveis num mundo virtual e o vir a ser passa por elas ligado num celular, indiferente.
Nas mesas dos bares, choperias e restaurantes nem adianta beber para voltar ao tempo real. Conversas e olhares virtuais deixam patéticos os velhos garçons que ainda não são magnéticos.
Num mundo onde as pessoas vivem a sós com seus celulares de que servem cadeiras nas calçadas, se ninguém vai perceber a solidão menina de rua passar?
E as mãos negras e mendigas daquela mulher não encontram outras mãos, só as de si mesma, numa súplica. No tempo virtual são raros os momentos em que se pode juntar as mãos num Obrigado, meu Deus, ou num Deus lhe Pague.
Na avenida Lavandisca, em Moema, havia um pé de Dama da Noite.
Só os bêbados de passagem sentiram seu perfume em tempo real.
Desculpem os ais, mas hoje é enjoativo o cheiro das damas da noite virtuais.
Dá até medo de sonhar, porque vai tocar o celular.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DIA DE FINADOS


O vento frio, as nuvens e o Sol da manhã brincavam com a tristeza.
As nuvens que o vento trazia e encobriam o Sol deixavam a mensagem de que a morte é uma sombra.
Mas, o mesmo vento levava as nuvens embora e surgia o Sol e ficava outra mensagem: a morte é apenas a sombra da Luz.
Uma sombra passageira, que vem e que vai na nossa eternidade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

LÁ FICA BEM PERTINHO


É lá que se ouve o silêncio dos que sabem que não sabem.
É lá que está escrito o que jamais ninguém leu.
É lá que os olhos se iluminam com o que nunca viram.
É lá que se toca o impalpável.
É lá que todos os perfumes se condensam numa gota de orvalho.
É lá que todas as bocas sorriem sem fome.
Lá é tão pertinho. Lá fica bem aqui atrás do nosso espelho.

MAIS VELHINHOS I

DALTÔNICO
---Se o Vermelho se chamasse Verde e o Verde se chamasse Vermelho, que cor teria o Verde?
--- Não vou responder. Sou daltônico, distraído e aposentado.
--- Que horas são?

COMPREENSÃO
--- Bom na velhice é compreender, enfim, que tudo é incompreensível.
--- Bom mesmo. Só agora compreendo minha mulher.
--- Que horas são?