segunda-feira, 21 de junho de 2010

A JABULANI É COISA DE SÃO MIGUEL

A primeira bola Jabulani do mundo foi do glorioso Esporte Clube São Miguel Arcanjo, nos Anos 40 do século passado. Uma criação do sapateiro Mingo Terra, feita com o couro de um boi velho do Anibal Coelho.
Pediram ao Padre Chico que lhe desse um nome. Ele sugeriu Viçosa. Acharam que era nome de vaca. Ficou Vesga Louca.
Por que um nome desses? Vesga Louca?
Por causa do efeito que ela pegava, um efeito estranho e retardado.
Nas cobranças de faltas perigosas ou nos penaltis a favor, nos jogos realizados em São Miguel Arcanjo, a bola era imediatamente colocada em campo no lugar da outra. Cuidavam dessa operação rápida e sorrateira um ou mais integrantes de um comitê criado especialmente para tanto e que Gijo Válio e Milton Sewaibricker dirigiam quando estavam um pouco bêbados.
Então, acontecia o seguinte: na cobrança do penalti ou da falta o chute era propositadamente fraquinho (só os jogadores de São Miguel conheciam o segredo), o goleiro fazia a defesa e quando todo importante quicava a bola no chão, ela pegava efeito e entrava no gol. Efeito retardado.
Pilar do Sul era o maior freguês da Vesga Louca, a primeira Jabulani do mundo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

"DESCULPE, PAI"



CARTA ABERTA DE AILTON PARA SEU PAI MILTON SEWAIBRICKER


"Pai, desculpe pai, mas deixei cair no rio Paraná sua vara de pescar.
Um filho perder a vara de pescar do pai é o maior dos pecados. Mas, juro que não foi distração nem bebedeira, a vara escapou de repente de minha mão com molinete e tudo e --- tchibum --- foi pro fundo do rio.
Então, me deu um nó na garganta e uma vontade de chorar. Aquela vara verde, com detalhes de madeira e couro, era a lembrança sua que eu carregava rio acima, rio abaixo, até conversava com ela, pedia conselhos e se alguma coisa não deu certo é porque fico meio surdo quando bebo e não devo ter ouvido direito o que a vara dizia.
Mas, nas vezes em que prestei atenção, quando rezei com a vara de pescar na beira do rio, a sorte sempre esteve comigo e Tucunaré nenhum fez gracinha na minha frente. Não perdi um.
Pois, é, pai: perdi sua vara de pescar. Desculpe.
Mas, não sei porque, alguma coisa está me dizendo que não perdi a vara. É que a pescaria estava tão boa que eu desconfio que você desceu lá do alto e pegou a vara emprestada só para dar umas fisgadinhas. Tomara que sim. E que minha mãe Maria e meu irmão Luiz tenham ficado felizes com isso, ali na beira do Paraná, disfarçados de passarinhos."