De São Miguel Arcanjo a Santa Cruz dos Matos, o peregrino percorre 100 anos de solidão. E chega a seu destino.
No fim de uma rua estreita, feita de pó, ele avista uma pequena capela. Na frente da capela, um cachorro magro, sem nome e sem dono. Portanto, um cachorro livre, que não precisa viver com o rabo entre as pernas.
Num lado da rua, pés floridos de hibiscos escondem a cerca de arame farpado.
Do outro lado da rua, capim que ninguém vai cortar, porque todos dormem e sonham que um dia haverá de passar por ali uma cabra vadia e com fome. Ou um cavalo velho e manco.
O peregrino sente que nos olhos o pó do deserto dói menos que na alma. Na alma, o pó do deserto vira solidão.
É meio-dia e não há vento nem sinal de chuva.
Tomara que nenhum galo cante. Canto de galo, ao meio-dia, é pra gente perdida no mundo.
Seria melhor ouvir outro sinal de vida. Uma voz de mulher a cantar. Algazarra de criança. Um bem-te-vi. Uma gargalhada gostosa.
Mas, o silêncio é o senhor. Soberano ao meio-dia em cem anos de solidão.
Então, a vida renasce num cheiro gostoso que vem pelo ar. O peregrino segue para o lado de onde vem o vento. Vai com fé, que a fé não costuma falhar. Depois de andar e andar, encontra uma mesa, coberta com toalha florida, perfume de manjericão, nenhuma mosca, e arrumados, muito bem arrumados, pratos de paçoca de carne, paçoca de amendoim e bolinho de frango.
O peregrino dá o primeiro bocado, o segundo, o terceiro. E no quarto, acabam 100 anos de solidão.
Isso não é felicidade?
(foto enviada por Orlando Leme Pinheiro)
ANDO DEVAGAR
ResponderExcluirAndo devagar por que já tive pressa
Nessa vida nem tudo interessa.
Desses dias quero ter distância.
O que quero é diferente.
Desses dias quero ter distância.
Encontrar as coisas que me façam rir,
Ver as pessoas que tanto amei
A me amarem do mesmo jeito também.
Guardo parte de mim para mim mesmo
Antes que nem mesmo eu possa me amar.
Rezo para que o amor de verdade
Possa em meu coração vir morar.
Ouço as vozes, mas não vejo rostos.
Rogo para que um dia seja feliz.
Que dizem que a tristeza não tem fim.
Um dia que seja a felicidade.
Esperar, entretanto, não é saber.
Juventude transviada rebele-se!
A vida é curta, viva nos sonhos.
Tenha a certeza a cada segundo
Imagine somente vitórias,
Vença-os, vença-se, não tenha medo!
E quem sabe a eternidade venha
Para cada um dos que não desistirem?
Receio que não seja tão simples assim.
Espero, entretanto, que assim seja!
Sonhar não é proibido ainda!
Sonhar é um terço de nossas vidas!
A vida dormindo ou não, vale a pena!
EDUARDO TERRA COELHO
15 DE FEVEREIRO
A 02 DE ABRIL DE 2009.
FELICIDADE
Frente ao mar e sua brisa
Eu senti uma nova vida
Larguei tudo só por ela
Inspirei um novo mundo
Cada minuto ou segundo,
Inalava seu perfume
Doce ar da primavera,
A despertar minha fera
Dormindo na relva ao luar.
Esta é a felicidade!
EDUARDO TERRA COELHO
22 DE NOVEMBRO DE 2005.
As iguarias e a foto são artes da patroa. À partir de hoje ela vai sentir 100 anos de regozijo por não deixar morrer uma tradição.
ResponderExcluirMiguelzinho:
ResponderExcluirNessa mesa singela estão o sabor de uma vida inteira.
Fiquei muito feliz ,não imaginei que minha foto fosse inspirar uma coisa tão linda,parabéns!
ResponderExcluirEm tudo há inspiração, basta estar ali o ser humano para colocá-la em ação, Nazaré Domingues.
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