domingo, 6 de setembro de 2009

CEM ANOS DE SOLIDÃO. ANO 1. NÚMERO 32

De São Miguel Arcanjo a Santa Cruz dos Matos, o peregrino percorre 100 anos de solidão. E chega a seu destino.

No fim de uma rua estreita, feita de pó, ele avista uma pequena capela. Na frente da capela, um cachorro magro, sem nome e sem dono. Portanto, um cachorro livre, que não precisa viver com o rabo entre as pernas.

Num lado da rua, pés floridos de hibiscos escondem a cerca de arame farpado.

Do outro lado da rua, capim que ninguém vai cortar, porque todos dormem e sonham que um dia haverá de passar por ali uma cabra vadia e com fome. Ou um cavalo velho e manco.

O peregrino sente que nos olhos o pó do deserto dói menos que na alma. Na alma, o pó do deserto vira solidão.

É meio-dia e não há vento nem sinal de chuva.

Tomara que nenhum galo cante. Canto de galo, ao meio-dia, é pra gente perdida no mundo.

Seria melhor ouvir outro sinal de vida. Uma voz de mulher a cantar. Algazarra de criança. Um bem-te-vi. Uma gargalhada gostosa.

Mas, o silêncio é o senhor. Soberano ao meio-dia em cem anos de solidão.

Então, a vida renasce num cheiro gostoso que vem pelo ar. O peregrino segue para o lado de onde vem o vento. Vai com fé, que a fé não costuma falhar. Depois de andar e andar, encontra uma mesa, coberta com toalha florida, perfume de manjericão, nenhuma mosca, e arrumados, muito bem arrumados, pratos de paçoca de carne, paçoca de amendoim e bolinho de frango.

O peregrino dá o primeiro bocado, o segundo, o terceiro. E no quarto, acabam 100 anos de solidão.

Isso não é felicidade?


(foto enviada por Orlando Leme Pinheiro)

5 comentários:

  1. ANDO DEVAGAR

    Ando devagar por que já tive pressa
    Nessa vida nem tudo interessa.
    Desses dias quero ter distância.
    O que quero é diferente.

    Desses dias quero ter distância.
    Encontrar as coisas que me façam rir,
    Ver as pessoas que tanto amei
    A me amarem do mesmo jeito também.

    Guardo parte de mim para mim mesmo
    Antes que nem mesmo eu possa me amar.
    Rezo para que o amor de verdade

    Possa em meu coração vir morar.
    Ouço as vozes, mas não vejo rostos.
    Rogo para que um dia seja feliz.

    Que dizem que a tristeza não tem fim.
    Um dia que seja a felicidade.
    Esperar, entretanto, não é saber.
    Juventude transviada rebele-se!

    A vida é curta, viva nos sonhos.
    Tenha a certeza a cada segundo
    Imagine somente vitórias,
    Vença-os, vença-se, não tenha medo!

    E quem sabe a eternidade venha
    Para cada um dos que não desistirem?
    Receio que não seja tão simples assim.

    Espero, entretanto, que assim seja!
    Sonhar não é proibido ainda!
    Sonhar é um terço de nossas vidas!
    A vida dormindo ou não, vale a pena!

    EDUARDO TERRA COELHO
    15 DE FEVEREIRO
    A 02 DE ABRIL DE 2009.
    FELICIDADE

    Frente ao mar e sua brisa
    Eu senti uma nova vida
    Larguei tudo só por ela
    Inspirei um novo mundo
    Cada minuto ou segundo,
    Inalava seu perfume
    Doce ar da primavera,
    A despertar minha fera
    Dormindo na relva ao luar.
    Esta é a felicidade!

    EDUARDO TERRA COELHO
    22 DE NOVEMBRO DE 2005.

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  2. As iguarias e a foto são artes da patroa. À partir de hoje ela vai sentir 100 anos de regozijo por não deixar morrer uma tradição.

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  3. Miguelzinho:
    Nessa mesa singela estão o sabor de uma vida inteira.

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  4. Fiquei muito feliz ,não imaginei que minha foto fosse inspirar uma coisa tão linda,parabéns!

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  5. Em tudo há inspiração, basta estar ali o ser humano para colocá-la em ação, Nazaré Domingues.

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