domingo, 14 de junho de 2009

Mastro Górvo:uma historinha a moda italiana



Muito do nosso jeito caipira de falar (e até a moda de viola) vem dos imigrantes italianos, que pegaram a Língua Portuguesa do jeito que deu e fizeram uma bela pizza.
E ninguém brincou melhor com essa linguagem do que o escritor Alexandre Marcondes Machado (1.892-1933), um paulistano que aprendeu com os italianos a amar a cozinha, as mulheres e a vida e que escrevia sob o pseudônimo de Juó Bananéri.
Acompanhem a graça desta história: Mastro Górvo.

Mastro Górvo
Num gálio sintadinhe
Tenia no bicón
Um pézzo de formágio

Mastro Rapóso
Sintindo um cheirinhe
Parlou nisto linguágio:

--- Eh, dotóri Górvo! Bom di! Como estai o sinhore? Estai bonzinhe? Como o sinhore é bunitinhe! Te parece una Giuriti! Parlando a verdade pura, oh, chirosa criatura, si vostro linguágio é uguali a vóstro plumágio, giuro per San Benedicto que in tuto questo distrito no tem otro passarinhe qui seja mais ...ê... bunitinhe.
O Górvo ficô ton inchado com estas adulaçon qui até parecia o Rodorfo no tempo da intervençón.
I pra mostrá o linguágio abriu os bruto bicón i deixô caí o formágio qui o Rapóso logo pigô. E disse:
--- Sô Górvo, o sinhôre é um coió, o piore do capitó. Ma aprinda bem esta liçon e non credite nunca mais em adulaçon.
O Górvo, danado da vida, com o logro qui ilo levô, pigô um pedaço di corda e sinforcô.






Um comentário:

  1. Isso me lembra Edgar Allan Poe, e na sequencia, Belchior e Elis Regina.

    Raven never, raven never, raven never, assum preto me responde o passado nunca mais.

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