
Elas espalhavam todas as manhãs o cheirinho de tempeiro de feijão, bem na hora em que os sinos do relógio da Igreja Matriz batiam 10 vezes.
O relógio às vezes atrasava. A hora do tempero nunca.
Então, os maridos no trabalho e os filhos na escola sentiam de longe a fome bater. Mas, era fome de amor.
O cheirinho de tempero de feijão era o amor espalhado pelo ar. E dava vontade de correr logo atrás daquele amor que as mães de São Miguel serviam em pratos limpos sobre toalhas bordadas.
Elas ainda ofertavam, além de um amor bem temperado, a esperança. Passar de ano, tirar diploma. Plantar, colher, vender e pagar as contas. Tudo era possível depois do primeiro bocado. E nem era preciso mais que o torresmo e a couve do quintal, refogada, para disfarçar o arroz com feijão.
Na mesa, homens e crianças sentiam que havia uma Senhora de seus destinos, a Senhora mãe de fogão a lenha e café no coador.
Apagaram o fogo. As doces e antigas mães de São Miguel foram embora.
As novas, de laptop e celular, não sabem mais temperar feijão.
E assim o mundo vai acabando.
O relógio às vezes atrasava. A hora do tempero nunca.
Então, os maridos no trabalho e os filhos na escola sentiam de longe a fome bater. Mas, era fome de amor.
O cheirinho de tempero de feijão era o amor espalhado pelo ar. E dava vontade de correr logo atrás daquele amor que as mães de São Miguel serviam em pratos limpos sobre toalhas bordadas.
Elas ainda ofertavam, além de um amor bem temperado, a esperança. Passar de ano, tirar diploma. Plantar, colher, vender e pagar as contas. Tudo era possível depois do primeiro bocado. E nem era preciso mais que o torresmo e a couve do quintal, refogada, para disfarçar o arroz com feijão.
Na mesa, homens e crianças sentiam que havia uma Senhora de seus destinos, a Senhora mãe de fogão a lenha e café no coador.
Apagaram o fogo. As doces e antigas mães de São Miguel foram embora.
As novas, de laptop e celular, não sabem mais temperar feijão.
E assim o mundo vai acabando.
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