domingo, 31 de janeiro de 2010

SEMANA DE VELHOS CARNAVAIS. DE 1 A 15 DE FEVEREIRO. ANO 1. NÚMERO 45

Havia, sim, fio dental naqueles tempos. Mas se usava nos dentes. Não na bunda.
Do silicone nem se falava.
Os seios eram deliciosamente naturais e biquinhos sensíveis se arrepiavam quando se tocava neles. Mas, não ficavam à mostra e os namorados só sabiam do arrepio pelos suspiros e ais do não aguento mais.
As pernas das garotas não eram iguais às de Roberto Carlos, do Corinthians, ou do Boi, o grande atacante do glorioso EC São Miguel. Sem músculos, macias, bem torneadas davam vontade de ver o mundo de pernas pro ar.
Se uma daquelas garotas, num impeto amoroso, abraçasse seu namorado, ele não corria o risco de morrer asfixiado pela força dos braços que as mulheres têm hoje.
Eu me lembro do corpo frágil e delicado da Lurdinha Fogaça, a transitar com sua beleza suave pelo salão do Bernardes Jr.
Naqueles tempos, o único pó que se cheirava era o que subia no vai-e-vem de quem pulava. E o fuminho que se acendia quase sempre estava com a data de validade vencida.
Nenhuma moça dançava na boquinha da garrafa e isso dava a certeza absoluta de que não soltavam pum no salão.
Havia brigas, mas homem nenhum puxava o cabelo do outro, nem retocava a maquiagem depois, como acontece hoje em qualquer baile.
Não havia propaganda na TV para se usar camisinha. Naqueles tempos, ninguém esperava o Carnaval para dar ou levar uma pimbada. O Carnaval era apenas uma festa onde ricos e pobres, feios e bonitos, velhos e moços botavam pra quebrar as agruras da vida. E cantavam: Ei, você aí, me dá um dinheiro aí...
E os que não haviam resolvido seus complexos de Édipo, atacavam: Mamãe eu quero, Mamãe eu quero mamar...
Bons tempos em que João Ortiz e sua banda só tocavam marchinhas e sambas, com começo, meio e fim, sem a bagunça generalizada do Rap e outros absurdos musicais.
Hoje, o Carnaval se resume em bundas imensas que a Rede Globo faz questão de sacudir na nossa cara.
Mais triste é que são bundas artificiais, no tamanho e proporção do grande cocô em que transformaram o mundo.
Foliões de velhos carnavais, um conselho: fiquem em casa com seus pedacinhos coloridos de saudade.

2 comentários:

  1. Nunca fui muito chegado ao carnaval, posto que mesmo sendo bom sujieto e com os pés sãos, optei pelo rock e por alguns segmentos da MPB. Mas em São Miguel Arcanjo, até 1991, não perdia um. Depois disso só em 1999 e 2007 é que vi carnaval em São Miguel e, definitivamente, já não era mais a mesma coisa. Saudades imensas do carnaval de 1986 e da despedida deste de minha querida avó Benedita Monticelli de Camargo, que não carregava na certidão o Ortiz e nem o Terra, mas era tudo isso e muito mais.

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  2. Por isso é que me penitencio nos carnavais pelo pecado da moda: um desbunde!Salão colorido de olhares sedutores de Aída, Tereza e outras tantas escondidas na máscara do esquecimento. Por isso que nestes dias me penitencio, repetindo uma oração: "Angústia, solidão, um triste adeus em cada mão, lá vai meu blovo vai, só desse jeito é que ele sai". O bloco do eu sozinho a lembrar que tantas fiz, mas agora, tanto faz...

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